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Design de Embalagens e Equities Visuais

Uma boa embalagem é capaz de reposicionar uma marca e um produto no mercado! Você provavelmente já ouviu essa afirmação antes, afinal, estamos falando de um segmento que desperta o interesse não só de profissionais de criação, mas também daqueles que mais importam, os consumidores.

Segundo a ABRE, a Associação Brasileira de Embalagem, podemos definir uma embalagem como:

Um recipiente ou envoltura que armazena produtos temporariamente, individualmente ou agrupando unidades, tendo como principal função protegê-lo e estender o seu prazo de vida (shelf life), viabilizando sua distribuição, identificação e consumo.

Agora, pensando além dessa definição podemos dizer que uma embalagem é a tangibilização dos valores de marca e os padrões estéticos e textuais, ou seja, a embalagem de um produto carrega consigo a tarefa de expor e vender o que á dentro dela, e principalmente, quem é a empresa e sua personalidade.

Singularidade talvez seja a palavra de ordem no processo de construção de uma embalagem. Estamos falando da capacidade de um produto tornar-se único ou ponto central quando disposto na gôndola. De forma mais ilustrativa, é o apelo visual que te faz retroceder no corredor do supermercado só para observar o produto com mais cuidado.

Parece contraditório dizer que a singularidade, característica distintiva fundamental, é um fator determinante para alavancar a venda de um produto quando segmentos inteiros usam praticamente a mesma identidade ou conjunto de elementos. A verdade é que cada segmento tem pré-disposto uma série de equities visuais, características ou elementos de marca de fácil associação. É o caso dos molhos de tomate, em que é comum entrar na sessão do supermercado desses produtos e reparar que todos usam imagens de tomates frescos, aplicação do produto, e o ingrediente diferenciador de sabor, isso ocorre porque em algum momento uma marca começou a ter essas características predominantes e isso tornou-se um dos fatores de diferenciação, os concorrentes vendo que dava resultado decidiram adotar a mesma estratégia.

Além dos Equities Visuais, é importante ressaltar que a própria legislação tem regras claras sobre as informações imagéticas e textuais que devem obrigatoriamente estar presentes (Decreto nº 4.544/02), e isso muitas vezes dificulta o processo de construção e inserção de novos aspectos visuais.

O trabalho do designer, portanto, é encontrar o ponto de equilíbrio entre o que é regulamentado e obrigatoriamente deve ser inserido com o acréscimo de elementos que possam facilitar a percepção de marca e introdução de elementos que são uma “ponte de ligação entre o produto, a percepção e o consumidor”.

 

Diferenciação por Equities Visuais

Uma marca que entendeu bem essa relação foi a Heinz, uma das empresas de condimentos mais conhecidas do mundo. A embalagem de seus produtos conta com um design exclusivo, sendo assim, a associação e distinção do produto nas gôndolas é fácil, além disso, toda a comunicação visual reforça essa ideia, seja em propagandas offline ou na linha visual adotada nas rede sociais.

(Foto: Reprodução).

Registro de cor

Muitas vezes, o fator de diferenciação está em uma percepção mais simples, a marca de bonecas da Mattel Barbie, ou a loja de acessórios de Moda Tiffany optaram pela mesma estratégia, registro de tonalidade de cor, ou seja, o tom de rosa choque utilizado nas campanhas de publicidade da boneca mais vendida do mundo é exclusivo e propriedade da Mattel, sendo assim, é fácil associar a coloração com o segmento e posteriormente com o produto.

Diferenciação por posicionamento

Dentro de um mesmo segmento, algumas marcas decidem inovar e lançar um novo posicionamento do produto, isso tem acontecido muito nos produtos alimentícios. A chamada gourmetização insere novos elementos e reposiciona produtos antes vistos como comuns ou “acessíveis” a um novo patamar, e muitas vezes até mesmo ocorre a mudança de público.

Um exemplo de bom uso dessa diferenciação é a marca Salsaretti com o relançamento da sua linha de produtos gourmet.

(Foto: Reprodução).

Em um mercado cada vez mais concorrido e abarrotado de concorrentes bem estabelecidos é importante se diferenciar, e usar esse fator como potencializador de resultados de vendas.

Referências:

PELLEGRINO, Luciana. EMBALAGEM: Descritivo e apresentação. Disponível em: <http://www.abre.org.br/setor/apresentacao-do-setor/a-embalagem/>. Acesso em: 12 mar. 2018.

CARLOS, Luiz. Informações obrigatórias nas embalagens de produtos. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/informacoes-obrigatorias-nas-embalagens-de-produtos,190b347ea5b13410VgnVCM100000b272010aRCRD?origem=segmento&codSegmento=3>. Acesso em: 12 mar. 2018.

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