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O bom design é aquele que você não vê

Artigo escrito pelo designer Morandini, designer gráfico e ilustrador há 30 anos em São Paulo

Muitos clientes me pedem marcas que “apareçam” e se destaquem. Que saltem aos olhos do público tendo mais visibilidade do que as dos concorrentes.

Acho isso positivo, afinal num mundo tão competitivo como o nosso, aparecer pode ser sinônimo de sobreviver.

Mas aparecer não significa gritar ou falar alto. O importante é falar CERTO. Conversar com seu público de maneira precisa.

Não berrar para os ouvidos mas sussurar para o coração!

Normalmente, o bom design é aquele que não é percebido de forma escancarada. Ele mora nos detalhes. Está no tamanho correto da fonte da embalagem do xampu (alguém aí toma banho de óculos?), nas cores bem dosadas daquele ambiente que te faz se sentir bem e com vontade de ficar mais e no pictograma simples e preciso que te informa sem deixar dúvidas.

O bom design está no cabo daquela ferramenta que faz com que ela seja a extensão do seu próprio corpo. Está nas medidas, nas formas e nos materias da cadeira que você está sentado agora e no tamanho da tela onde você está lendo este texto.

O bom design está no aroma, na textura, no toque, na cor, no tom, na sensibilidade, na sutileza e na inteligência do projeto.

O bom design não é necessariamente aquele que aparece com exagero mas sim aquele que te cativa, te seduz e te envolve de maneira quase imperceptível. Que faz você querer ficar, voltar, comprar, sorrir, virar freguês e ficar fã sem você nem saber o porquê.

A foto de capa é do próprio autor do artigo e ilustrador Morandini. As opiniões expressas no artigo são de responsabilidade do autor

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