Redesign, redesign e muito mais redesign. Os últimos dois anos foram marcados por uma torrente de marcas que decidiram adotar uma nova identidade visual, alterar o posicionamento e novas embalagens.
Marcas como Lacta, Medium, Badoo são exemplos recentes de empresas que decidiram adotar uma nova postura diante do público ou solucionar alguns problemas de imagem através do redesign.
Processo de voltar a desenhar um produto, fazendo lhe alterações e melhoramentos nos seus aspetos técnicos e funcionais, de modo a otimizá-lo e a conseguir maior competitividade comercial.
Infopedia
Diferente do que muitos imaginam, o redesign de uma marca não é só a alteração do seu logotipo e símbolo. Na maioria das vezes, estamos falando de um processo amplo, que envolve desde uma pesquisa de mercado bem elaborada para entender a percepção que o consumidor tem a respeito do produto oferecido, até o novo posicionamento e as falhas de imagens que precisam ser sanadas, e finalmente, a mudança estratégica de marca.
Redesenhar uma marca é em suma analisar o posicionamento e o logo atual e propor melhorias, elas por sua vez, baseadas em pesquisa de satisfação e mercado.
Uma questão importante a ser identificada logo no início do processo é se o novo desenho de marca será total, ou seja, todas as características de Branding que foram construídas até agora serão descartadas ou se atualizações parciais são solucionam as problemáticas levantadas.
A companhia Braskem, um dos empreendimentos do grupo Odebrecht, adotou essa semana uma mudança total de marca. A tonalidade forte de vermelho, deu lugar aos tons claros de azul e amarelos com um degrade suave.
É interessante notar que essa foi uma decisão estratégica, já que o nome da companhia está diretamente ligado com os escândalos investigados pela operação lava-jato, e mesmo com as afirmações da diretoria da empresa de que não ouve irregularidade nos serviços prestados, a companhia viu suas ações caírem de valor.
Os papéis PNA (preferenciais) da companhia caíram 10,54%, para 10,78 reais, e acumulam perdas de cerca de 30% desde o início do ano.
Veja
O novo conceito de marca traz como força motriz palavras como transparência, visão de futuro e a força das relações humanas. Analisando friamente, todos esses pilares conceituais de marca são bem quistos pela sociedade, ou seja, a companhia pretende com a mudança que suas ações voltem a subir, e principalmente, afastar a “carga negativa” e polêmica que o antigo símbolo carregava.
(Foto: Reprodução – À esquerda a antiga marca, e à direita a nova).
Economia X marca
A percepção e os valores subjetivos agregados a marca influenciam diretamente no valor de mercado de uma companhia.
No ano de 2007 a companhia Vale do Rio Doce alterou sua marca. Com um investimento de 50 milhões de reais, divididos em 4 anos, a companhia introduziu no mercado nacional e internacional o novo posicionamento, as características de marca e uma série de conteúdos empáticos que a população era capaz de identificar-se.
(Foto: reprodução)
A campanha Brasil que vale, é um dos vários materiais digitais criados e veiculados, nela dois meninos visitavam várias localidades do Brasil mostrando os benefícios e as ações práticas da mineradora para melhorar o pais e a vida dos brasileiros.
A série de ações pontuais, da agora apelidada como Vale, renderam um recorde de faturamento na bolsa de valores, segundo informações da Exame, naquele ano a companhia chegou a ter um reajuste sobre o valor equivalente a 30%.
É possível notar a relação direta no aumento de faturamento que um redesenho de marca pode provocar a curto e longo prazo. Além de reposicionar e sanar problemas de imagem, ainda é possível atrair novos investidores com os novos pilares e imagem estabelecida.
Também é possível que vejamos nos próximos 2 anos uma nova marca para companhia, já que ela pretende abandonar ou deixar no esquecimento o trágico evento do rompimento da barragem em Minas Gerais.
Redesign x prejuízos
Realizar uma transição de marca não é sinônimo de sucesso, muito pelo contrário, quando não explorado da maneira correta, a mudança pode causar um impacto negativo no consumidor e o distanciamento desse da companhia.
No ano de 2010 a Gap (Famosa loja de roupas e acessórios) lançou rapidamente um novo logo no mercado, durante algumas horas as plataformas digitais que a marca estava inserida foram alteradas. Logo após a mudança, a empresa recebeu uma torrente de reclamações e críticas. Em uníssono, os usuários se manifestaram sobre a marca antiga ser mais bonita.
A Gap percebendo a indignação e o sentimento de rejeição que a mudança trouxe, resolve adotar a estratégia “backpedaling” – em tradução literal, andar para trás, ou seja, voltou com a marca antiga em todas as plataformas, e ainda abriu espaço para que outros profissionais enviassem suas propostas.
Em suma, um redesign não é uma receita para o sucesso que sempre vai funcionar, mas em alguns casos específicos, quando através de pesquisas é comprovada a necessidade de um novo posicionamento e falhar na percepção da empresa perante o consumidor é fundamental a mudança.
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