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Criatividade x Recursos

No mundo do design e da publicidade é de praxe associar o profissional a criatividade. Geralmente elegemos o melhor designer, ou melhor publicitário, aquele que possui melhor técnica para elaborar os trabalhos mais criativos e impactantes, uma vez que mais criativo = mais eficiente. Até um leigo sem instrução concordaria que os anúncios mais eficientes, que se tornam virais e arrecadam mais simpatizantes, são os mais criativos, ou seja, aqueles que surpreendem. E esta surpresa pode despertar diversos sentimentos, seja o de humor, impacto emocional, tristeza, etc. Óbvio que quanto mais esta produção nos fizer refletir, melhor ela foi inserida.

Mas sempre que falamos de publicidade e vemos algo extremamente criativo, engraçado que nos faz pensar: “Meu Deus, como alguém pensou nisso?”, a gente foca na ideia fenomenal que alguma agência teve e esquece um outro fator MUITO decisivo na hora de trabalhar: RECURSOS FINANCEIROS! Meu amigo… isso aí daria um ótimo evento de UFC entre o diretor de arte e o diretor financeiro de uma empresa (risos). Quando vemos qualquer peça criativa e de enorme impacto, passa despercebida a ideia de que a pessoa que a criou o pôde criar porque tinha recursos para tal, e a empresa investiu! Veja estes anúncios, por exemplo:

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criatividade ou recurso

Muito bem feitos, muito bem pensados, muito criativos, mas suas ideias foram longe porque elas podiam ir. As empresas certamente permitiram que a agência ousasse criar algo que chamasse atenção de forma objetiva e que atraísse os olhares de várias pessoas, criando referência da situação criativa para gerar viral e atrair consumidores, de forma inusitada, surpreendente e muito enfática.

Mas e com relação ao investimento?

Nem preciso mencionar a diferença entre um trabalho feito nestes mesmos segmentos de forma comum, ou de forma criativa e ousada como foram estas. Também não precisamos captar orçamento, para saber que desta forma é pelo menos 10 vezes mais caras. E só para ser um pouco cliché, sabemos também que desta forma atrai 100 vezes mais atenção do que de formas convencionais.

A criatividade sempre será atrelada a recursos, isso não podemos “desdizer”. Em alguns casos como este abaixo, podemos dizer que seu custo foi mínimo, mas também há polêmica. Há quem diga que ele deu má nota, mas já pensou na quantidade de pessoas que passaram por ali olhando aquela loja?Imagine se ele tivesse recursos financeiros para investir, tanto na publicidade quanto na fachada! Certamente é um estabelecimento simples, mas que inovou na forma de divulgar e conseguiu fazer com criatividade e gastando pouco.

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Outro caso onde o valor investido pode ser menor e a criatividade sobressair é em algumas inserções impressas. Quando o designer é de qualidade, ele tenta fazer o melhor com menos recursos. Olhem só este anúncio de chapéus. A criatividade imposta nele foi simplesmente fantástica e faz qualquer um parar e refletir. E o mais interessante é que há pouquíssima técnica. Pelo fato de ser apenas uma silhueta simples, nem seria preciso um ilustrador muito hábil para fazer (até eu que só sei desenhar meu nome conseguiria). Mas a grande sacada aí é a ideia. Essa sim, pouquíssimos profissionais teriam “as manhas” de fazer.

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Vamos trabalhando e tentando fazer o melhor com o menor, eis o nosso maior desafio. Por outro lado, não aconselho ninguém a bater cabeça com empresas que dispõe de um valor, mas possuem uma cobrança equivalente a 10 vezes aquele valor. Infelizmente o papel do planejador, seja designer ou publicitário, é elaborar uma boa comunicação, mas isso nem sempre é possível tendo em mãos o que disponibilizam. E há um limite que o profissional deve permanecer para que seu trabalho não seja extraviado nem se sobrecarregue, e este limite chega até onde a verba se encontra.

Imagine se você tivesse recursos ilimitados para criar o que quisesse, como marcas como a Coca-Cola, McDonalds, Chevrolet, etc. Algumas marcas não poupam quando o assunto é publicidade, mas a grande maioria ainda vê isso como gasto e não entende a repercussão positiva que uma inserção bem bolada pode causar. Resta a você tentar convencer seu cliente disso. Quando você é solicitado para elaborar alguma campanha, seja institucional ou promocional, te designam uma verba que, na maioria das vezes, não te permite ir muito além. Então eu te convido a pensar sobre a seguinte analogia laboratorial:

Você fará uma campanha para um evento de equinos. O raio de abrangência do local a ser realizado é de 500km. Será um evento cultural e comercial, onde negócios serão feitos e a classe a ser focada é a média/alta. Você precisa desenvolver uma série de ações e mídias para atrair investidores e simpatizantes para os 3 dias de evento, porém te designam uma verba de APENAS R$2.000,00. Isso tirando seu pagamento, que fica a seu critério. Imagine o que faria com este valor (talvez algumas bandeirolas – risos). Agora pense como seria bacana se te dessem uma verba de R$100.000,00!!! Se é pra falar sério, vamos ressaltar que isso seria “dinheiro de pinga” para eles, mas que eles não dispõe porque não acreditam no efeito positivo da publicidade.

Temos que fazer contorcionismo quando o assunto é verba. A grande e difícil tarefa, extremamente árdua e muitas vezes incerta, é conseguir criar com bons resultados tendo uma verba tão baixa de investimento (isso para não dizer de remuneração). Acredito na evolução publicitária, e números comprovam que muitas empresas têm acreditado mais nas inserções e no poder de indução que ela tem sobre todas as

Outro fator também extremamente importante é a legislação, mas isso já é tema para outra publicação.

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