Com essa adoração infinita ao estilo de vida americano e ao seu design, (parece ser o único design de qualidade disponível no mundo!), esquecemos de olhar e conhecer outras propostas muito mais ricas e inovadoras de países semelhantes ao nosso como a Índia, África e a China, que ainda vai surpreender muito!
Como designers, temos o grande privilégio de morar num país onde há infinitas e incríveis possibilidades de projeto por onde se olhe; oportunidades já percebidas pelos designers americanos e europeus, que, obrigatoriamente, tem que viajar a países distantes como África ou Índia para desenvolver projetos de design humanitário – social.
Aqui, o único que temos que fazer é sair à rua e ver nosso entorno imediato, onde há possíveis projetos reais a resolver, nos âmbitos da arquitetura, design gráfico e de produto seja físico ou não.
Estados Unidos VS Brasil
Enquanto um país como os Estados Unidos é um mercado saturado de propostas, de produtos e serviços, o que você imaginar já tem alguém fazendo; o Brasil está no outro extremo: um mercado cheio de debilidades/oportunidades que um design inteligente e bem realizado, pode facilmente ocupar. Há uma deficiência enorme em produtos, serviços, sistemas que sirvam à população de maneira correta e a um bom preço de mercado.
Os aplicativos já vêm demonstrando isso. Dia após dia há muitas necessidades ainda a serem descobertas e um bom design com um preço correto já é meio caminho andado na trilha do empreendedorismo.
Devemos, nós, designers brasileiros, focar nosso atenção no Brasil e deixar de enaltecer designers estrangeiros como superiores a nós em nível criativo.Antigamente, as grandes empresas brasileiras faziam o seu “rebranding” lá fora à preços exorbitantes com resultados duvidosos (Caso Varig) e agora estão chamando escritórios nacionais de branding com melhores resultados a um custo nacional mais justo.
Reconheço que eles lá fora tem acesso à tecnologia de ponta e barata ou a um preço de mercado justo, mas Design não é só tecnologia.
O design vai muito além de apenas um objeto físico ou serviço, é uma ferramenta de conscientização e mudança, contribuindo com outros fatores para proporcionar uma vida mais digna e decente para todos, e acredito que o “design de qualidade” deveria ser um direito básico como educação, escola e saúde… Direitos que ainda não temos.
Acaba de ser lançado pelo Canadá em Montreal, uma declaração global sobre o Design onde o pensamento principal é: “Todo ser humano merece viver em um mundo bem projetado”. Veja post em inglês sobre isso no meu portal DRP.
O futuro do Brasil
Um país sem educação, ciência, tecnologia e design é um país sem futuro. Se formos comparados a China, já perdemos a corrida faz muito tempo, pois estamos em um grupo de jogadores com grande ambição e visão, como Índia e China.
Precisamos de trilhões de dólares para ter visão ou fazer as coisas? Não, mas apenas bom senso, criatividade, inovação, estratégia e vontade política.
A pergunta básica é: O que temos como país e o que podemos fazer com essa bagagem de maneira inteligente e criativa com baixo custo?
A salvação do Brasil é a economia criativa, não podemos mais depender da indústria e da matéria-prima (commodities) para ser uma potência econômica.
Essa oportunidade de potência industrial o Brasil já perdeu, no exterior a nossa única importância até agora é “tamanho de mercado”, mas agora devemos perceber que o nosso futuro está na chamada “economia criativa” e criatividade é matéria prima nacional de sobra que não deve e não pode ser desperdiçada!
Design é inteligência, falta de design é burrice!
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