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Designer que empreende

Artigo escrito por Moisés Vianna, conhecido como Muca Vianna, empreendedor em design

O assunto empreendedorismo sempre foi muito complexo e bastante debatido, não por muitos, mas por uma fatia da sociedade que tem como característica a vontade de crescer ilimitadamente (?). Mas antes de entrar na questão direta sobre empreender no design, vamos tentar refletir sobre o termo.

No dicionário empreender significa decidir realizar uma tarefa complexa; tentar algo arriscado; executar; realizar. Ao deparar com essa definição, imaginamos uma pessoa andando na corda bamba. Mas vamos falar de forma um pouco mais chula: o que seria empreender, definindo como algo mais popular?

Empreender seria observar necessidades no mercado e jogar com elas. Empreender é criar metas e buscar meios delas serem alcançadas, com o objetivo de LUCRAR. De fato, empreender é arriscar e realizar algo difícil, que requer estudo e muita pesquisa. Para ter uma ideia, apenas 0,002% da população possui traços empreendedores, e estou falando apenas dos países emergentes pra cima. Este percentual no Brasil é ainda menor, visto ser um país que não induz ao empreendedorismo.

Mas qual a relação do designer com o empreendedorismo?
Somos doutrinados em faculdades a ter um projeto de vida baseado na formação superior e um emprego seguro, preferencialmente através de concurso público. Essa doutrinação com o designer não é diferente, que é ensinado que trabalhar como diretor de arte em uma agência “fodona” é o ápice do sucesso. De um modo geral, o designer não tem acesso a pontos relacionados a empreendedorismo, e isso afeta demais os profissionais.

(Foto: Reprodução).

Mas quando um designer pode empreender?
Antes de falar sobre isso, quero dize que empreender é DIFÍCIL PRA CARAMBA! É mais difícil empreender do que passar em concurso, por isso o percentual de empreendedores é tão baixo. O designer pode empreender de 1001 formas!

Geralmente, quando se estuda design se tem uma noção de apresentação de produto e visibilidade de mercado muito mais apuradas do que uma pessoa comum, e isso é um fator que facilita bastante na hora de elaborar um plano estratégico para vender mais e criar um bom produto. Sendo assim, o designer pode empreender de algumas das seguintes formas:

Carreira de freelancer
Ninguém disse que seria fácil, mas vale a pena! Trabalhar como freelancer requer um conceito de mercado mais apurado e uma visão mais abrangente e versátil.

Vamos entender que quando você decide trabalhar por conta própria você terá diversos patrões (clientes), a diferença é que você terá poder sobre seus horários e fluxos de trabalho, podendo controlar seus ganhos. A partir do momento que você decide ser um freelancer e passa a batalhar por isso, buscando clientes e fazendo sua renda mensal aumentar, você está empreendendo. Claro que há uma limitação nisso, mas o investimento monetário é baixo e você terá uma qualidade de vida legal, desde que aprenda a calcular bem suas horas trabalhadas.

Abrir uma agência
Essa é um pouco mais difícil, pois requer um planejamento estratégico ainda mais incisivo e sumário. Para abrir uma agência é necessário um “contorcionismo” social do tamanho do Empire State! (Como assim?).

Quando estudei empreendedorismo no EMPRETEC no ano de 2015, aprendi que a rede de contatos é algo fundamental para empresas de prestação de serviços, pois sabemos que nesse nicho a indicação é mais valiosa do que o dinheiro momentâneo. Abrir uma agência é algo que dependerá do quão disposto a investir tempo e dinheiro você está, sem contar nos diversos merchandisings que terá que fazer. É bom? Claro! É fácil? Nem de longe! É barato? Quem dera! Mas vale a pena se for feito certinho? Muito. Ter uma agência envolve um contato social com pessoas de referência e boa opinião pública, e nem todo mundo tem o dom de se socializar.

Geralmente para ter algo de alto nível, é necessário capital gigantesco, e para tal você precisa de plano de negócio infalível, capaz de captar empréstimo em banco ou então um bom investidor, que acredite na sua ideia e entre como sócio.

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(Foto: Reprodução).

Formalização
Independente da forma como decidir empreender, seja prestando serviço para vários clientes através de freelas ou abrindo a sua própria agência, tenha em mente que você precisará formalizar o seu negócio. Existe a possibilidade de trabalhar como pessoa física de forma autônoma, mas quando você regulariza a sua atuação abrindo um CNPJ, passa a ter muitos benefícios. Uma das principais vantagens do PJ (Pessoa Jurídica) sobre o autônomo é que, em geral, quem é PJ paga muito menos impostos, além de contribuir para a previdência, podendo ter direito a auxílio maternidade, auxílio doença e auxílio aposentadoria; mais opções de crédito bancário e também garantir que estará passando maior credibilidade em relação ao serviço prestado, principalmente ao emitir notas fiscais.

Agora que você já entendeu a importância da formalização, tenha em mente que após decidir qual caminho seguir, o ideal será buscar por um bom serviço de contabilidade. O processo de abertura requer algumas etapas até que você se torne de fato um empresário individual e possa empreender de forma 100% regularizada. Um bom contador saberá te guiar e cuidará de toda burocracia para que você.

Mídias de inserção
Tá aí algo que o designer nem imagina o quanto é bom! As mídias de inserção de patrocínios podem ser uma mina de ouro, e se trabalhadas de forma ponderada e padronizada, boa postura profissional e criatividade, tendem a crescer de forma exorbitante. Jornais, cardápios, placas, etc., são ótimas formas de empreender e utilizar o que sabe para ganhar bons montantes de dinheiro.

Investir no setor comercial
Como disse lá em cima, o designer tem uma visão de apresentação de produto diferenciada das outras pessoas, e isso é um trunfo e tanto para investir em alguma empresa no varejo, como lojas, restaurantes, lanchonetes, sorveterias, etc. Claro que o designer não é um profissional conhecido pela exímia habilidade de gerir algo, mas ele pode pesquisar e achar um meio de fazê-lo ou arrumar um sócio que o saiba. Com essa visão criativa, o designer é capaz de criar produtos mais atrativos e formas mais eficientes de atrair o público, e sabemos que esses detalhes são fundamentais para a circulação e sucesso de qualquer produto.

Mas por que abrir mão de um salário fixo para algo cansativo e incerto?
Isso depende do que cada um almeja e do quanto está disposto a lutar pelo que sonha. Ter um emprego fixo te dá certeza de um dinheiro no final do mês (pouco, mas garantido). Se você sonha em ter um celular bacana, um tênis daqueles modernos, umas roupinhas legais, esse emprego vai te satisfazer e você não vai brigar muito pelo salário. Mas se você sonha em andar num carro bacana, viajar para lugares exóticos e paradisíacos, levar a namorada para jantar em locais com boa comida e boa música, levantar as pernas pro ar de vez em quando e descansar, então você tem que sair da sua zona de conforto e lutar por essa vida EMPREENDENDO. Claro que você vai me dizer: mas, Muca… se eu conseguir passar num concurso com bom salário eu vou poder fazer tudo isso também. Sim e não… não estamos falando somente de dinheiro, mas da ideia de produção, de crescimento, de realizar algo que faça a diferença e ser dono do seu próprio destino. Isso não tem preço e vale a pena todo sacrifício. Claro que leva tempo para você ter um padrão de vida legal empreendendo. No início você terá que abrir mão de muita coisa, mas quando começa a dar certo é só alegria.

bom emprego

Mas por que é importante empreender no design?
Bom, essa é simples. Certamente você já deve ter visto ou até mesmo tido alguma dificuldade em arrumar um bom emprego, e quando arruma, as exigências são surreais, com salários baixíssimo e trabalho sob pressão.

Claro que você também sabe que isso acontece porque a procura é maior do que a oferta, ou seja, há mais designers querendo trabalhar em empresas privadas do que vagas disponíveis para eles, então eles podem cobrar e ofertar o que bem entendem.

Mas e se designers empreendessem mais? E se houvesse maior empenho na busca de conhecimento e habilidades para serem freelancers ou outra coisa qualquer? Automaticamente almejariam mais e as ofertas seriam monetariamente maiores, logo a valorização também seria maior. Se uma agência paga milzão para uma pessoa com curso superior e ainda pede experiência em 982546532 softwares dominados é porque tem gente que se candidata e se conforma com tamanha exigência.

Se pararmos para pensar, de um modo geral, o empreendedorismo é o que move o mundo. As ideias e formas inovadoras de fazer as coisas são o que classificam nossas eras, como o avião, por exemplo, o computador, a máquina de escrever, a caneta, a roda (sim, o cara que inventou a roda é foda porque buscou um meio mais fácil de realizar tarefas. Se tivesse patenteado, hoje seria rico).
Então se 0,002% empreende e o mundo já chega a patamares incríveis, imagine se fossem 0,02% (10x mais). Mas empreender é difícil, e as pessoas preferem algo mais fácil e cômodo. Construir um legado é algo que requer um esforço surreal, que a maioria pensa ser impossível obter.

Resumindo, o empreendedorismo para o designer não só é possível como é necessário, uma vez que desta forma ele aprende a trabalhar vendo o mercado com outros olhos e isso agrega um valor incrível ao trabalho. Trabalhar visando o lucro e impondo metas é algo que o designer deve aprender para que sua profissão obtenha a receita merecida, já que todos sabemos que além de bastante difícil ela é responsável pela beleza que os milhões de produtos no mercado apresentam para nós.

Vamos traçar metas e dar o devido valor ao nosso próprio trabalho. Vamos estudar a técnica, mas vamos também estudar formas de driblar crises e criar nossa doutrina de trabalho sem deixar que outras pessoas determinem como devemos agir e o que devemos fazer.

Bom trabalho a todos!

As opiniões expressas no artigo são de responsabilidade do autor

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