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O papel do Design-Arte no processo criativo do design

Na semana passada estive no DW SP visitando grandes feiras de design, onde havia algumas propostas mais encaminhadas para o Design Arte. Em uma palestra, afirmou-se que “Design Arte é babaquice”; outra exponente afirmava que belos objetos de design deveriam estar expostos em um museu de arte e ser apreciados como tal. Uma coisa é design e outra é arte, certo?

Sou designer de produto e como designer confesso que nunca fui muito fã do Design Arte, gosto da escola alemã e japonesa e acredito que muita arte no design acaba desqualificando e anulando o design como tal, transformando a proposta em algo inútil e absurdo. Mas essas discussões do DW me levaram a questionar o papel do Design Arte e acredito que agora entendo o seu papel no mundo moderno.

Onde está o Design-Arte em uma escala de design?
No mundo do design, temos duas escolas de design, excelentes e opostas. A primeira, uma escola alemã que segue estritamente os cânones do design tais como Braun, e tem designers como Dieter Rams, onde não existe espaço conceitual para a arte. O objeto é friamente projetado para ser o mais funcional possível em todos os aspectos. Ainda que um objeto da Braun possa ser uma “obra de arte de design”.

Por outro lado, a escola italiana de design seria o mais perto do Design Arte, sendo mais flexível e com empresas como Alessi que jogam mais na percepção lúdica do objeto, com cores e formas “inovadoras” transformando a sua proposta em algo mais artístico, mais livre. O Design Arte talvez poderia ser um passo além da escola italiana. Em uma escala de progressão teríamos então o design alemão, design italiano e design arte.

O design e a crise no mundo
O meu mestrado em design me demonstrou claramente que o grande problema que enfrentamos é o consumo. Percebi então que o design deveria estar um passo adiante e ser também uma “ferramenta para a educação ecológica da sociedade”. E é ai que entra o Design-Arte!

Talvez um design puramente industrial não permita um momento de reflexão sobre a crise do planeta. O Design Arte poderia cumprir esse papel com uma proposta conceitualmente mais flexível, mais lúdica. Ele permite o questionamento, uma quebra de paradigmas mentais. Finalmente o design deve levar também a uma inovação pessoal, do nosso estilo de vida.

Acredito que, como “designers puristas”, devemos deixar um pouco de lado a “intolerância conceitual” que nos é ensinada na escola, algo como “Isto é Design, aquilo é Arte e não se misturam!” e perceber o Design-Arte como uma proposta mais lúdica, livre que nos leva à mudanças de paradigma, novos questionamentos. Acredito que o papel do Design-Arte seja esse neste século 21 de questionar, provocar mudanças internas.

Junto com o design “industrial mais duro”, mas ainda inovador, os dois tipos de design podem talvez se complementar e juntos levam a um novo caminho que todos vamos seguir algum dia: estilos de vida mais amigáveis com a Terra.

“O Design pode ser apenas apreciado e arte usada?”

Acredito que o bom design transforma vidas e é uma ponte entre este presente insustentável e um futuro sustentável mais justo e humano.

As opiniões expressas no artigo são de responsabilidade do autor

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