*Por Davi Villa Real
Design é feito de tendências, isso é fato. E o que é design de fato? É um projeto de fácil usabilidade que se apropria de conceitos artísticos. Algumas pessoas podem discordar do que disse anteriormente, mas se pensar bem o design é isso. Fazemos design porque queremos facilitar a vida das pessoas no meio tecnológico, da comunicação e artístico.
Quando nos apropriamos desse conceito artístico, acabamos muitas vezes caindo no erro de só fazer o que é tendência. Há uns 3 ou 4 anos o flat vem sendo a grande sacada e desculpa dos designers. O Google e a Apple mudaram o design de seus sistemas operacionais e aplicativos, com intuito de facilitar a legibilidade do usuário.
Imagine telas pequenas cheias de cores, luzes e sombras, como devia ser confuso para um míope. Essa foi uma solução para o meio tecnológico, e virou uma grande tendência em outros setores. Grandes marcas mudaram seus logotipo deixando uma imagem mais clean, e vale lembrar que 2016 foi o ano das mudanças. Instagram e Uber mesmo mudaram radicalmente sua identidade visual.
Mas voltando ao assunto do flat.
Eu sou um daqueles caras que sempre buscam o “menos é mais”. Acho que essa equação é perfeita para tudo, desde da usabilidade de um aplicativo até uma leitura de outdoor. Mas nem todas as empresas precisam ser flat, você tem a Citroën como exemplo:
A marca possui um público de renda familiar elevada, com cargos mais executivos e buscam um design arrojado. No público corporativo, pode-se perceber que buscam carros espaçosos, com traços agressivos e geralmente carros com cores escuras.
A marca foi alterada, não houve nenhuma informação interna ou externa da empresa onde os usuários criticaram essa mudança, mas certas ações possuem um valor intangível. Vamos ver até onde e quando essa mudança da marca pode refletir em vendas.
Pensar e aplicar o conceito de design para o cliente não é só fazer tendência, é criar solução. Será que aquele público procura algo realmente flat? Será que eu não preciso talvez buscar uma outra referência para solucionar o problema que meu cliente está tendo?
Pense que muitas vezes pode estar lidando com um público de raio local, ou de raio mundial, e tudo isso influenciará no seu trabalho como designer. Você precisa estar atento às formas com que o usuário vai interpretar aquela informação e se está acessível a cultura dele.
Outro exemplo é o Itaú.
No manual de marca da empresa você vai encontrar dois posicionamentos, onde no habitat digital você verá uma marca com aparência 3D, explorando bem as luzes, cores, luzes e sombras. Enquanto no off-line, já encontrará uma marca flat, apenas as 3 cores básicas que constituem sua identidade e pronto.
Essa postura faz com que se torne até fácil o uso de sua marca em eventos, patrocínios e produção gráfica para uso das agências, e com a versão 3D ela se torna atual, muito a frente dos outros bancos.
Compare a Caixa Econômica e Banco do Brasil com o Itaú, veja esse uso da marca em meio digital. Qual hoje se apresenta realmente fora daquelas 4 paredes da agência e passa uma cara mais tecnológica?
Reflitam! O mundo vai muito além do que tudo ser flat.
* A opinião do autor não reflete necessariamente o posicionamento do Design Conceitual.