Com um escritório em São Paulo e cerca de 50 funcionários no Brasil, a Adobe, empresa detentora da suíte de programas e aplicativos mais famosa do mundo, tem buscado estratégias comerciais e tecnologia para disputar em um mercado cada vez mais acirrado, diante da evolução tecnológica.
O Design Conceitual conversou com o diretor de consumo e SMB da Adobe América Latina, Beto Santos para conhecer as novidades e processos de uma das empresas de softwares mais conhecidas no mercado criativo.
DCon: Primeiramente, como funciona a atuação comercial e quantas assinaturas aproximadamente são licenciadas no Brasil?
Trabalhamos com três “caminhos” de mercado (Routes to Market) diferentes: Parceiros, E-commerce (Adobe.com) e Enterprise. O principal continua sendo a atuação através de parceiros, que são revendas certificadas para comercializar os pacotes de subscrição Adobe focados fortemente no mercado corporativo.
A via online, através do site www.Adobe.com, tem uma atuação mais focada nos indivíduos, estudantes e professores e micro/pequenas empresas, enquanto a área de Enterprise se foca em um número limitado de contas com atendimento direto e contratos customizados. Não divulgamos dados locais, porém anunciamos recentemente (aqui) que a Adobe Corporation obteve um recorde em seus resultados globais neste primeiro trimestre: Nossa área de Digital Media, por exemplo, cresceu 33% sobre o ano passado e a forte adoção de Creative Cloud elevou nossa receita recorrente anualizada nesta área para US$ 3.13 bi, um aumento de mais de US$ 246 mi sobre o ano passado.
DCon: em meio a uma prática de uso de softwares sem registros, como funciona a estratégia de combate à pirataria do software no país e no mundo?
Tradicionalmente, a indústria de software tem tratado o tema da pirataria sob um ponto de vista de “regularização”, concentrando o foco do problema no ajuste do comportamento do usuário. Isso significa que, usualmente, o questionamento sobre o uso de programas não autorizados sempre recaiu na responsabilização do usuário por este uso indevido.
Nos últimos anos, contudo, seguindo a estratégia implantada pela Adobe de forma global, passou-se a analisar a questão sob o viés do usuário como vítima da pirataria. Isso porque foi se identificando que muitos dos usuários são efetivamente prejudicados pelos programas não genuínos, seja pela disseminação de malware, vírus etc., ou pela indução em erro dos usuários.
Com isso, a estratégia da Adobe, atualmente, está concentrada em divulgar o valor de nossos produtos e serviços, assim como a conscientização do usuário sobre a identificação dos canais legítimos da Adobe, para que se viabilize maior produtividade e melhor experiência.
DCon: Alguns produtos tiveram algumas alterações no design de interface. Como são definidas estas mudanças no pacote Adobe?
Mudanças na interface são, em geral, complexas, pois afetam diretamente a produtividade e a sensação de segurança e conforto do usuário. A Adobe se preocupa com o que chamamos de “Consistência de Interface”: Procuramos fazer com que menus, comandos, painéis e acesso às ferramentas sejam similares entre nossos diferentes aplicativos. Isso diminui o tempo de aprendizado e facilita a adoção de nossas soluções.
“Quando uma alteração que afeta diretamente a experiência de uso é planejada, é normalmente um sinal de que algo no ecossistema ou workflow dos nossos usuários mudou e o produto precisa ser adaptado”.
As mudanças mais recentes que foram realizadas apontam diretamente para a adoção de interfaces “touch” em estações de trabalho, por exemplo. Realizar trabalhos tocando na tela dos computadores exige ícones maiores e mais espaçados, além da adoção de comandos gestuais como tocar e puxar para mover um objeto, ou pinçar com os dedos para realizar zoom in e out.
DCon: Recentemente publicamos uma notícia que uma pesquisa americana revelou que outras plataformas online têm ganhado espaço e até ultrapassando softwares tradicionais da Adobe. Como vocês veem este crescimento de plataformas alternativas e acreditam que os aplicativos Adobe possam perder espaço?
A concorrência é algo bom para o mercado e, no caso da Adobe, nos motiva ainda mais a melhorar continuamente. Isto posto, temos apresentado um crescimento agressivo de nossa base instalada no mundo e que se acelerou após o lançamento da Creative Cloud.
“Mas lembremos que nem sempre a busca por melhorias é um caminho simples”.
Quando a Adobe decidiu adotar o modelo de subscrição com a Creative Cloud e seus serviços, sabíamos que nem todos os clientes gostariam ou entenderiam esse movimento.
Mas sabíamos, também, que este era o caminho correto. Hoje nāo oferecemos apenas um pacote de software: Temos uma oferta de serviços que possibilitam a produção de conteúdo criativo a partir de múltiplas plataformas e para múltiplas plataformas, utilizando recursos na nuvem para acelerar e aumentar ganhos de produtividade.
Acredito que estamos estabelecendo uma nova relação de trabalho entre as pessoas criativas e o novo mundo digital que já está aí, mas que alguns, talvez, ainda nem o tenham tocado. Essa visão é que nos define e, com ela, planejamos continuar crescendo continuamente nossa base de clientes.
DCon: O HTML 5 tem tido uma grande expansão no mundo, o que fez com que o Adobe Flash se torne Animate CC. Como tem sido a transição dos programas e qual o impacto desta mudança?
Essa transição teve início há cerca de 5 anos, quando os desenvolvedores de sistemas operacionais móveis deixaram de suportar a tecnologia Flash. Foi mais uma mudança orientada pelo mercado, não pela Adobe. Desde então, temos gradativamente movido nossas soluções que utilizam saídas no formato Flash para as alternativas mais alinhadas com o que o mercado apresenta e orientado nossos usuários a realizarem esta mudança, também.
O lançamento do Animate CC permite a criação mais rápida de animações para alcançar novas plataformas, diferentes dispositivos móveis e desktops.
DCon: Você acredita que o Adobe Muse deva “tomar” o lugar do Adobe Dreamweaver?
Acredito que estejamos falando de públicos diferentes, focos e objetivos diferentes. Quando o DW surgiu, ele era direcionado aos usuários que nāo queriam usar apenas código, ou queriam desenvolver com o apoio de alguma pré-visualização.
Com o tempo, essa visão passou a ser usada por outras soluções no mercado e o próprio DW passou a ser visto como uma boa plataforma para desenvolvedores. Já o Muse nem apresenta a possibilidade de ver o código HTML. É destinado aos designers, ou pessoas curiosas da Internet, que gostariam de colocar algo simples rapidamente no ar.
DCon: Quais as novidades que a Adobe reserva para os usuários nos próximos meses?
Acompanhando os blogs corporativos da Adobe e nossos anúncios nas redes sociais, pode-se ter uma ideia do que vem por aí, apesar de não especularmos sobre os roadmaps de produtos especificamente. Assistindo a apresentação de “Sneak Peaks” da última MAX, por exemplo, pode-se ver várias das tecnologias que nossos times de engenharia estão pesquisando: Reconhecimento facial em 3D, fontes, prototipagem e UX para dispositivos móveis, identificação de linhas de perspectivas e captura de imagens sem interferência estão na pauta.