Entra presidente, sai presidente, as marcas do Governo Federal são reformuladas para sinalizar aquele momento de “profunda mudança” nos rumos da nação. Ora, o que é mais importante, a identidade do país (das cidades e dos estados) ou a dos seus governantes?
Não seria o caso do país ter uma identidade única, forte, permanente, representativa e atrelada de maneira profunda e absoluta aos seus próprios desígnios? Isso não daria mais força imagética à nação do que ao mandatário da vez?
Muito além da vaidade e do marketing, o desenho da marca deveria ter compromisso com o país. Além de enfraquecer nossa identidade, não dando chance ou tempo para o “apego”, essas mudanças custam caro!
Toda vez que o publicitário ou marqueteiro predileto do “presida” cria uma nova marca, milhões são gastos em impressões, reimpressões, adesivagens, envelopamentos, mudanças nas páginas oficiais…
Sem falar nas tantas e tantas marcas associadas ao logotipo do Governo (Caixa, Petrobras, Banco do Brasil, etc) que têm de atualizar todo seu material, que ficou obsoleto do dia para a noite. E sem entrar na questão do descarte absurdo que isso acarreta.
Fico imaginando a cena: – Ô, dona Lindalva, jogue fora aqueles 10 mil folders e manda reimprimir tudo novo com a nossa nova “logomarca”!
Saiu Dilma, entrou o Temer. Por enquanto, ele é interino, mas logo apareceu uma nova marca sinalizando outra “profunda mudança”.
E se a Dilma volta daqui a 180 dias? E se o Temer sofre um impeachment? Vai aparecer mais uma marca simbolizando a “profunda mudança” da hora?
E nem entrei no mérito da qualidade das marcas gráficas. Isso renderia um novo e longo post. Ou mais!
*Artigo escrito por Morandini, designer que trabalha na área há 30 anos.