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Design de entretenimento em tempos de Covid-19

Design de entretenimento

Estamos vivendo, nesta pandemia, um momento muito diferente de tudo que nós conhecíamos. Muita coisa mudou e continua mudando a cada dia: novas normas e costumes, formas de trabalhar e até como nos relacionamos.

Como designers, o nosso trabalho é facilmente remanejado para qualquer lugar. Contanto que tenhamos nosso equipamento e uma boa internet, essa transição é tranquila, mas claro que tudo varia de acordo com a área de atuação.

Na área do design de entretenimento tudo tem sido um pouco mais complicado, já que as maiores casas de shows do mundo estão fechadas para o público, sem tempo determinado para reabertura. 

Neste artigo vou contar um pouco dessa área gigante do design, mas que é tão pouco falada no Brasil. Meu nome é Rodrigo Trabbold e sou um diretor de arte para a Global Tour Creatives, de Los Angeles, a maior agência de entretenimento do mundo.

Lá, nós trabalhamos com artistas de todos os tipos – desde comediantes de stand-up às mais diversas bandas e músicos do mundo todo – desenvolvendo todo material de divulgação de suas turnês, criando a key-art (o pôster/arte principal), material para mídias sociais, outdoors, anúncios em revistas e por aí vai!

Uma de minhas criações

Essa é uma área muito específica que, até 2015, eu não conhecia e não considerava como uma possível área de atuação. Assim que descobri esse mundo, me apaixonei logo de cara. Eu vim para LA fazer uma especialização em Design, Comunicação e Artes na Universidade da Califórnia de Los Angeles, a UCLA, e descobri, em uma das aulas, o mundo do entretenimento.

A indústria gigante do cinema, especialmente na cidade que é a Meca dos filmes, me fez brilhar mais os meus olhos, com empresas gigantes como a Lindeman & Associates, por exemplo, liderando o mercado de comunicação para filmes e criando os pôsteres mais icônicos dos nossos filmes favoritos. 

O mesmo acontece com a música, que é uma indústria tão grande quanto a do cinema e merece a devida atenção, não só dos compositores e músicos, mas também de nós, designers. Nesse campo, as possibilidades são focadas na criação de materiais para divulgação de turnês e na criação de capas para os álbuns e músicas. 

Peça criada para a Global Tour Creatives, em que o carro forte são as turnês. O processo de trabalho é bem dinâmico e até bem parecido com uma agência de publicidade.

Processo de criação

Tudo começa com a banda ou o artista decidindo dar início a uma nova turnê, o que é influenciado principalmente por lançamentos de novas músicas ou álbuns. Com isso, a banda e seus agentes entram em contato com a nossa empresa, nos enviam todo material necessário, como logos, fotos, imagens, um briefing sobre o que eles esperam da turnê, bio do artista e, muitas vezes, até referências de como imaginam a arte da turnê. 

Pôster criado para o cantor Pitbull

Com todo esse material em mãos, nós começamos o trabalho, com uma pesquisa bem elaborada e rascunhos básicos no papel para termos uma ideia do que pode funcionar. Com um conceito mais elaborado, nós desenvolvemos a Key Art no computador e a finalizamos para, depois de aprovada, ser entregue ao cliente. Logo após a entrega, nós normalmente fazemos o desdobramento da arte para diferentes meios de comunicação, como mídias sociais, outdoors, revistas, spots de rádio e TV e web banners. 

Peça finalizada para o Blink-182

Mercado e pandemia

Esta indústria sofreu muito com a pandemia do Covid-19, mas nosso trabalho não parou. Tivemos muitas datas de turnês empurradas para 2021, então todas as artes já feitas tiveram que ser atualizadas com novas datas e locais.

A maior parte do nosso trabalho neste ano está sendo focado nessa atualização de datas e na criação de arte para shows em drive-ins e de casa (lives), mas também tivemos algumas novas turnês já anunciando para o ano que vem – um sinal de que o mercado está se movimentando e aos poucos voltando ao ritmo da pré-pandemia. 

É difícil saber ao certo quando estaremos ombro a ombro assistindo ao nosso artista favorito com a energia que só um show ao vivo pode nos dar, mas o mercado parece otimista e está aos poucos se adaptado como pode.

Como designers, nosso papel vai continuar sendo o de identificar o problema e criar soluções, seja com o material gráfico, criando e mantendo um engajamento para os artistas, ou com criações fortes voltadas para apresentações digitais até que o mercado esteja mais aquecido e seguro.

As opiniões expressas no artigo são de responsabilidade do autor

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