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Designer para um país em crise

Artigo foi enviado por Nelson Graubart, designer e proprietário da Onart Design e Comunicação

Há marcas que surgem com a vocação para serem globais, outras nacionais, e ainda há aquelas que são criadas para atuarem em uma pequena comunidade, um condomínio, um bairro ou até em uma rua.

Neste momento que o país atravessa, estamos sendo procurados por um novo perfil de cliente:

São pequenos ou micro empreendedores, normalmente individuais ou no máximo dois sócios em busca de soluções para o desemprego, ou em busca de rendas complementares.

São pessoas comuns em busca de uma solução alternativa. Donas de casa que querem transformar seus dotes culinários em “congelados” ou brigadeiros, são amigas que querem transformar seus hobbies de artesanato em joias, cervejeiros artesanais de final de semana que querem montar um beer-truck, ou até profissionais liberais se reposicionando no mercado.

Entre eles, posso citar médicos abrindo clínicas para poderem trabalhar com convênios, engenheiros abrindo construtoras para pequenas reformas, administradores virando consultores ou corretores de seguros, jornalistas se transformando em assessores de imprensa ou blogueiros, enfim cada um procurando soluções alternativas para a crise que estamos passando.

Este novo perfil de cliente também precisa construir sua marca, se identificar e se diferenciar. Este cliente precisa de um projeto de branding proporcional ao negócio que está se iniciando.

É possível notar que este novo mercado está exigindo um reposicionamento de nós, designers, não só no comportamento, mas também no atendimento e, principalmente, nos custos praticados, pois é um mercado que merece ser muito bem e profissionalmente atendido, independente do seu porte inicial. Isso porque a qualidade de nosso trabalho pode significar não só a sobrevivência deste empreendimento mas também seu crescimento e perpetuação no mercado.

Se falar com o dono do negócio é mais simples do que com uma grande corporação com vários níveis de decisão, o desafio de lidar com pessoas não habituadas aos conceitos de design ou às nuances do mundo dos negócios além de sua área de conhecimento específico, também exige preparo e flexibilidade dos especialistas.

É preciso saber conduzir situações de ansiedade e orientar o cliente em áreas que ele talvez ainda não conheça.

É preciso, muitas vezes, assumir a postura de consultor, marqueteiro e até psicólogo, para evitar ações infrutíferas, redundantes e erros estratégicos que podem fazer patinar ou até inviabilizar qualquer iniciativa empreendedora por mais promissora que possa parecer.

As opiniões expressas no artigo são de responsabilidade do autor

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